Reflexão crítica sobre temáticas como a aculturação e sobre o multiculturalismo e os direitos humanos
A aculturação é um processo no qual existe a transformação de crenças, hábitos, comportamentos e valores quando duas culturas diferentes entram em contacto. E por isso mesmo a aculturação é um fenómeno de interação entre grupos e, sobretudo, entre culturas distintas.
Desta forma existe uma cultura que é doadora de conteúdo e outra que é recetora, pois através dessa interação entre culturas retiram-se, inevitavelmente, valores, conhecimentos, hábitos e traços culturais que poderão agregar-se a outra cultura.
Existem diferentes formas através das quais a aculturação ocorre:
- Assimilação: este é um processo onde um grupo aceita e adquire padrões de outra cultura, contudo, sem que ocorra qualquer troca ou esquecimento da anterior. Ou seja, este processo não significa o fim de uma das culturas, apenas se modificam.
O uso de um tipo de roupas diferente daquelas que são "normais" ou características da nossa cultura, não significa que se deixem de lado ou que se esqueçam valores e traços da nossa cultura. Assim como, o uso de termos ou expressões de outro país, que não o nosso, não significa que deixemos de falar a nossa língua e passemos a falar a outra.
- Sincretismo: é a junção de diferentes doutrinas formando uma nova, sendo que essa nova doutrina mantém características e particularidades típicas das doutrinas base, isto é, daquelas iniciais que se moldaram.
- Transculturação: é a adoção de uma cultura diferente da de origem. Isto acontece quando, por exemplo, se vai morar para outro país e se adota a cultura do mesmo. Ou seja, acontece uma substituição da cultura original pela do outro país, que à partida será diferente pois estamos perante ambientes, também eles diferentes e portanto com hábitos e costumes distintos.
- Dominação: acontece quando uma cultura é introduzida à força numa determinada sociedade, ou seja, são impostas novas costumes, tradições e valores. É imposto um padrão cultural que tem obrigatoriamente de ser seguido, o que nós remete para os tempos da guerra e da colonização, tempos em que determinadas culturas foram absorvidas pela cultura dominante.
Como vimos a aculturação dá-se pelo contacto de culturas diferentes e pela adoção mútua de costumes pertencentes à cultura diferente. A meu ver, este fenómeno é visto por muitos como o responsável pela destruição e pelo desgaste de culturas vistas ou consideradas originais.
O que é certo é que a cada dia que passa, estes processos referidos anteriormente tornam-se cada vez mais intensos e frequentes, o que, na minha opinião, resulta da influência da globalização, pois através desta foram ampliadas as facilidades de comunicação e, consequentemente, a transmissão dos valores culturais. Portanto, as diferentes culturas existentes, bem como os diferentes costumes podem interagir entre eles sem haver a necessidade de uma integração territorial, ou seja, não é imprescindível que se esteja no ambiente onde a cultura existe e se pronuncia para que outros grupos possam interagir com a mesma.
Na minha opinião este facto/fenómeno é deveras benéfico para todas as sociedades pois até de forma inconsciente, ou seja, sem darmos conta, o que é certo é que coisas novas vão sendo introduzidas naquela que é a nossa cultura, modificando-a e completando-a, acrescentando-lhe aspetos e características diferentes daquelas que já continha.
Na segunda parte desta reflexão, importa de facto distinguir o conceito de desigualdade e de diferença. Isto porque creio deveras que independentemente de sermos do sexo feminino ou masculino, independentemente do tom da nossa pele, independentemente da nossa religião, o que é certo é que devemos ser diferentes pois de facto não somos todos iguais, temos características diferentes, valores diferentes, etc... O que importa aqui é que essa diferença não nos torne ou não faça com que nós, com as nossas diferenças e características nos consideremos melhor que o outro.
Se tivesse de escolher entre a particularidade e a universalidade dos direitos humanos, escolheria a universalidade, pois a particularidade no caso do nazismo fez com que os alemães resolvessem esse problema da forma que quisessem independentemente das repercussões que isso teve na sociedade. Contudo, sei que a universalidade é um extremo completamente oposto e igualmente injusto, pois não podemos por e simplesmente dizer que todas as culturas, independentemente da época e do lugar têm de aceitar os "meus" valores.
Neste sentido os direitos humanos devem ser vistos como multiculturais, o que significa que deve existir uma tentativa de equilibrar as noções globais dos direitos humanos com as questões locais. O multiculturalismo é a atitude mais correta ao invés de fazer aquilo que a maioria faz, limitar-se a excluir ou renegar uma cultura inteira por um determinado motivo ou até mesmo pela atitude de apenas um individuo pertencente a uma delimitada cultura, nesse sentido acho que é realmente errado ver a cultura do outro como um sistema fechado, pois existem milhares de islâmicos, de ciganos, etc... e todos eles são diferentes, uns mais extremistas que outros, e portanto é errado pôr toda a gente no mesmo saco.
Sandra Fidalgo